Vale muito apena conferir mais um grande texto de
Danuza, que venho sempre falando dela aqui no blog uma fantástica colunista do
Jornal Folha de São Paulo, escreve na Revista Claudia e tem grandes livros de
sucesso. Sua linguagem é simples e muito compreensível e além de tudo ela fala
realmente tudo que é verdade sobre coisas cotidianas, dando boas dicas e coisas
que podemos aprender sobre os comportamentos humanos que muitas vezes temos
dificuldades de comprender. Esta crônica pode perceber que a memória da mulher lembra-se
de muitos acontecimentos que teve durante a sua vida que já na vida do homem
eles são apagados mais facilmente. Pois a mulher tem sua memória para guardar
os grandes acontecimentos que lhe marcaram muito, já na dos homens são apagadas
mais rapidamente por algumas coisas não terem tantas importâncias assim para
eles.
Mulher
tem Memória
VOCÊ É medrosa? E quem não é? E de que você tem medo? Bem, existem os
medos básicos: de barata, de rato, de cobra, da escuridão.
Mas existem outros, nos quais quase não se pensa, mas dos quais se tem
pânico -e esses são os piores.
São os medos subjetivos, quando se faz algo que não se deveria, de ser
punida; por um pai imaginário, por Deus, por um alguém que não faz outra coisa
a não ser olhar atentamente para tudo que você faz, para premiar ou castigar.
De preferência, castigar.
Existem outros medos nos quais não se pensa mas que são permanentes:
medo de ficar doente, de ficar velha e sozinha, de morrer. Quando se pensa em
todos esses medos, chega a surpreender como podemos, às vezes, passar horas
falando bobagem e dando risada.
Quando criança, você teve medo de seu pai? Se teve, vai passar a vida
inteira tendo medo do marido e do patrão, símbolos da autoridade masculina.
E o medo da maldade? E do olho grande?
Medo tem a ver com culpa, e quem é culpada vive sempre com medo do
castigo.
Existem as pessoas que não são culpadas de nada, e as que são culpadas
de tudo. As primeiras passam pela vida felizes, felizes; já as outras acham
que, se no lugar de terem comprado aquele batom tivessem mandado o dinheiro
para os necessitados da África, teriam pelo menos feito sua parte. Como é
difícil viver.
Mas é preciso não confundir o medo com a covardia, e às vezes -aliás,
o tempo todo- é preciso se posicionar, sem medo. Se posicionar, no caso, é
apenas organizar seus pensamentos e ter suas opiniões, o que, se para alguns é
simples, para outros é quase impossível.
Por que será? Serão essas pessoas tão reprimidas que isso as impede
não apenas de dar sua opinião mas até de terem uma? Ou será medo?
Existem alguns medos bem concretos: da reação daquele homem quando
você anuncia que está indo embora. Com todas as conquistas que as mulheres
conseguiram, nessa hora o medo é físico -afinal, os homens costumam ser
agressivos, mais fortes que nós (fisicamente), e às vezes, quando feridos,
passam dos limites. Outro medo é quando, já com o novo, você cruza pela
primeira vez com o que foi abandonado.
Mas os homens também têm seus medos, sobretudo quando são eles que
abandonam. As mulheres -mais emocionais e menos civilizadas- são capazes de
tudo, quando deixadas; mulher não esquece -nem perdoa.
Aconteceu com um casal de velhinhos -bem velhinhos mesmo- que estava
visitando a filha, num domingo. Falavam sobre o passado, e num determinado
momento ela perguntou -afinal, já havia tanto tempo- se ele havia tido um caso
com uma determinada mulher, décadas atrás, o que na época ele negou com
firmeza.
A conversa estava tão amena, a paz tão grande, com a família toda
reunida, que ele disse que sim, era verdade. Ela avançou no pescoço dele e foi
preciso a filha e o genro para separá-los. Apesar de já terem passado dos 80,
ela passou meses sem falar com ele.
E é bom que os homens também tenham medo, pois uma mulher com raiva é
muito mais perigosa do que um homem com um revólver na mão.
Crônica
publicada por Danuza Leão no Jornal Folha de São Paulo – 2007
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